28 de dezembro de 2011

"É ele" - Parte 2


Estava tudo bem, mas mais um ano se encerrava e o próximo já se apresentava muito incerto. Não tínhamos certeza de nada. Ficamos um tempão em função da espera dos resultados do quartel, dos meus resultados nas faculdades. Tentávamos planejar, mas sabíamos que logo sairia do nosso controle.

Mas nosso maior erro foi deixar que toda a incerteza que seria 2011, tornasse o nosso amor algo incerto. Sei lá porque perdemos o controle de tudo e nos tornamos pessoas que não tinha nada a ver com a gente. Passamos a brigar e a nos importar com coisas tão insignificantes que antes nunca havia feito diferença em nossas vidas. Por muito tempo fomos dois em um só, um coletivo. Os planos eram coletivos, as idéias, tudo. Mas de repente as vontades individuais não souberam mais entrar em acordo para se tornarem coletivas e foram ficando insuportáveis. E foi assim que tudo começou a acabar...

Nos encontramos mais algumas vezes e a última foi a pior de todas. Foram dias de puro estranhamento. Eu não me conhecia. Nem reconhecia mais você. Sei que você sentia o mesmo. A nossa última despedida foi doce. Lembra que eu burlei a segurança e voltei lá pra te ver? Nunca esquecerei sua expressão de felicidade quando me viu de novo. Mas mesmo doce naquela hora, às coisas estavam tão insuportáveis que já parecia mesmo a última despedida.

Acabou de vez. Algumas conversas, nenhum acordo. Nos afastamos de uma forma desesperadora. Foi mesmo para descobrirmos o quanto suportaríamos ficar sem o outro. Eu me afundei nos estudos, passei a existir e não mais viver.

Não passou um dia sequer que eu não tenha pensando em você, que eu não tenha falado de você. Nunca falei mal, porque nossos momentos bons são tão especiais para mim, e você também é tão especial, que eu nunca conseguirei desejar ou falar mal de você.

Mas estar longe de você, sem nenhum contato no dia, depois de dois anos de convivência diária e intensa, me deixou sem chão. Doeu muito mais do que eu achei que fosse doer. Mas eu suportei muito mais do que imaginei que conseguiria.

Você não sabe, mas por muitas vezes passei horas conversando com minha mãe e dizendo que acredito muito no sentimento ainda, mas que o orgulho não deixaria você voltar. Por mais que eu quisesse mais do que tudo no mundo que você voltasse, eu nunca acreditei que isso fosse possível. Até que um dia o telefone tocou e era você do outro lado da linha. Você nunca imaginará a felicidade que senti nessa hora. Nunca me esqueço de você dizendo: “Já me esqueceu? Não? Você pode me retornar então?”.

Foram cem reais em uma única ligação. Tive que me virar nos trinta para pagar, mas foram os cem reais mais felizes da minha vida.

Sabe, ter você de novo por perto, mesmo que só como amigo e só pelo telefone, me fez ver que só existir não valia a pena, eu deveria era viver! E viver ouvindo a sua voz quase todas as noites, era a melhor forma de viver.
Mas nós sabemos que é impossível sermos somente amigos, mesmo que quisermos muito. Há um carinho enorme pelas coisas boas que aconteceram e tenho certeza que muito sentimento ainda, e por isso, é impossível fingir que nada disso existe mais.

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