28 de dezembro de 2011

"É ele" - Parte 1


Não consigo me lembrar muito bem de quando nos conhecemos, mas algumas cenas rápidas ainda estão na minha memória. Mas lembro exatamente qual foi o meu primeiro pensamento ao te ver. E ele permanece até hoje. Nosso primeiro encontro foi também a nossa primeira despedida. Você já apresentou engraçado, não né gatinho? Miau!

Sequer imaginávamos o que a vida nos reservaria depois daquele dia, ínicio de dois mil e nove. Mesmo que meu pensamento tenha sido: “É ele!”. Não fazia sentido algum na circunstância em que estávamos vivendo.

Descobri que o outro lado do mundo pode ser aqui na minha casa mesmo. Descobri também que noite e dia é uma criação das nossas cabeças. Eu sobrevivi, ou melhor, sobrevivemos mesmo vivendo dois fusos horários completamente opostos por um ano. O Nihon era aqui!

A convivência, ainda que virtual e completamente bagunçada de fusos, foi muito intensa. E um dia, numa conversa despretensiosa percebemos que algumas relações começam mesmo sem formalidades e até sem que nós percebamos. Ainda me lembro de dizer que uma das regras era “Você não pode se apaixonar por mim!”. Você disse que assim não teria graça e que sua única regra era que eu deixasse você se apaixonar por mim. E eu deixei, afinal, eu mesma já estava morrendo de amores por você desde o dia em que nos conhecemos.

É impossível dizer que não criamos uma amizade e um amor fortes. Confiança sempre fora a base das duas relações. Até porque, nos apaixonarmos por alguém com diferença de doze horas de fuso, só é possível se houver muita confiança.

Na época era um tormento. Era novembro, depois não era mais. Então veio Janeiro e finalmente eu estava no desembarque esperando ansiosamente por você. Por muitas noites eu sonhei com esse dia, que quando ele chegou às horas não passavam e o destino não ajudava. Centenas de passageiros e justo você tinha que ser o último a sair. Era para me matar do coração mesmo.

Me lembro da primeira vez que eu fui na sua casa, agora como sua namorada. Me lembro de todas as vezes que fui.

Alguns meses depois eu estava no desembarque de novo e dessa vez a espera foi de chorar. Aeroporto fechado, vôo desviado. Aeroporto aberto, vôo retornado. Aeronave em pouso. Passageiros no desembarque e sua mãe com suspeita de mala extraviada. Sete horas depois, finalmente sinal de vida dos meus sogros no desembarque.

Lembro ainda de quando cheguei na sua casa com eles. Emoção por te ver, emoção por ver você e seus irmãos matando a saudade dos pais e seus pais matando a saudade de vocês. Nos demos tão bem, lembra? Adoro lembrar os momentos de nossos churrascos, como família mesmo. Os momentos engraçados que vivemos, as brincadeiras, os momentos em que nos fizemos cúmplices uns dos outros, os momentos que podíamos contar um com o outro, porque éramos todos, grandes amigos também.

Conhecer as outras pessoas da família foi igualmente especial. Ainda guardo no coração cada um.

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