14 de dezembro de 2011

Aos baianos do meu coração.


Há dois anos encontramos a família do meu avô, que ele não via há quase setenta. Lá no sudoeste da Bahia uma parte da minha família foi descoberta e consequentemente, da minha história também. Há seis meses viajei até lá para conhecer tudo isso e foi uma experiência emocionante, que merece ser lembrada nessa retrospectiva porque foi lá que eu comecei a mudar toda a minha vida...

Já viajei bastante, mas ainda nunca tinha ido para a Bahia. Imaginei algumas coisas, mas a realidade foi muito diferente. Descobri setenta anos da história da minha família. Eu nunca tinha visto todas aquelas pessoas antes, mas desde que cheguei na Fazenda Capim-Açu me senti em casa. 

Vivi momentos lá, que ao voltar para São Paulo me fizeram repensar toda a minha vida. Fui para o centro da cidade de carroça, toda pomposa e esbanjando charme, claro. Fui à primeira Festa de São João da minha vida e é muito legal. Embora eu não tenha prática para dançar forró, a felicidade das pessoas contagia e logo eu estava arrastando dois pra lá, dois pra cá e ainda rodopiando. Vem um primo, sai, vem outro e aí de mim se digo que não sei dançar! 
Quando conto que fomos em seis pessoas para a churrascaria, pedimos picanha, salada, arroz, aipim, Coca-Cola e a conta deu 40 reais, ninguééém acredita, mas deu. Na verdade, nem eu acreditei, pensei que era por pessoa, mas foi o preço para a turma toda. 
E quando me deparei sozinha com um sapo num cômoda da casa? Só eu e ele, ali naquele cômodo, ele me olhando e eu gritando feito louca. Feito uma pessoa muito louca! 
Tomei banho de canequinha (dá pra acreditar???), descasquei feijão, aliás, eu nem sabia que existiam outros tipos de feijão além do Preto e do Carioquinha. Tio Zé me deu uma aula sobre tipos de feijão! E preciso dizer que tem um feijão que eles fazem lá que é o melhor do mundo. Por incrível que pareça, feijão não é tudo igual! Comi Palma (que parece cacto), refogada é uma delicia, mas depois descobri que na verdade eles plantam isso para poder dar de comida aos bois, pensem na minha cara de "hããã?" na hora. Hahahha
Entre muitas outras coisas que definitivamente só acontecem na Bahia!!!

Para algumas pessoas tudo isso pode parecer normal ou bobo demais. Mas foi vivendo essas descobertas e percebendo o quanto as pessoas são felizes com tudo isso, com toda a simplicidade que vivem, tendo que plantar para comer e vender (na cidade do meu avô a maioria das pessoas sobrevivem assim e ganham dinheiro vendendo na feira o que planta). 

Todos são estudiosos, quase todos já formados. São pessoas boas e de caráter indescutível e são acima de tudo, muito felizes. É possível perceber tamanha felicidade até nos olhinhos brilhantes. Não precisam de marcas famosas, ir ao shopping toda semana e se entregar ao mundo capitalista para se sentirem felizes. E foi em tudo isso que eu pensei quando decidi mudar toda a minha vida pessoal e a acadêmica em 2011.

Será que eu estava mesmo fazendo coisas que me faziam feliz ou estava fazendo o que me desse maior conforto financeiro no futuro? É óbvio que o financeiro é extremamente importante, mas de nada adiantaria um dia eu ser uma magistrada ganhando algumas dezenas de mil reais por mês e não me sentir a pessoa mais feliz do mundo. Também por isso, eu decidi juntar o útil ao agradável. Vou ganhar dinheiro, mas serei também uma pessoa feliz e realiza pessoal e profissionalmente. 

Uma das coisas mais importantes que aprendi nessa viagem:
Sou eu quem determino a vida que quero ter, independente do que eu tenha nela. Não é o que eu tenho quem deve determinar a minha vida.

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