E então, me encarou fundo nos olhos. Me puxou pra perto. Vi
meu reflexo no olho dele. Nossas respirações se confundiam.
Me olhou por alguns minutos sem saber o que dizer. Eu só
queria conseguir ler os seus pensamentos. Ele se afastou e eu pude ter certeza
que ele acabara de travar uma luta interna. Mal sabe ele que eu já perdi a
minha faz tempo!
Peguei o meu celular, porque nada o irritava mais do que eu me
distrair com o celular na companhia dele. Enviei uma sms. Meio segundo depois
ele a leu: “Me olha.” Se aproximou de novo, já ofegante e ansioso.
“Me olha de novo!”, eu disse na segunda mensagem. Eu poderia
ter dito tudo pessoalmente, mas quebrar aquele silêncio enlouquecedor era uma
missão difícil demais pra mim. Ele então segurou minha cintura com o braço
esquerdo, enquanto o direito ainda segurava o celular.
“Agora diz que consegue me esquecer. Diz?”. Me beijou. O
mundo parou. Eu e ele. Ele e eu. Segurei a sua nuca, acariciei aquele rosto que
eu nunca esqueci. Os celulares já estavam no chão, quebrados, moídos, mas não havia
problema, pelo menos não eram mais os nossos corações.
Abri o olho rapidinho, apertei o seu braço. Me certifiquei
de que era real. Estávamos juntos, nos beijando e nada mais importava no mundo. Nada
mais.
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