1 de maio de 2012

Eu, tu e ele. Nós três.


Depois de anos de amor e amizade intensa. Depois de meses de ausência, confusões e confidências, finalmente chegaram a uma conclusão: Não, não vai acabar, só mudar.
Naquela noite solitária, fria e florida de primavera, quando o telefone tocou e ela sentiu o coração quase sair pela boca, ele dizia que era impossível esquecê-la. Menina boba, ficou sem entender, mas adorou. Afinal, até quem a via na fila da padaria sabia que ela ainda o amava.

Mas a vida tem dessas coisas: Uma vida boa juntos, um dia de palavras atravessadas e dá-se um fim ao conto de fadas.
-  Peraí! Contos de fadas não deveriam apresentar um “e foram felizes para sempre?”

-  Sim, menina. Mas deixa de ser curiosa e espera o que a vida te reserva.
Outro dia, numa noite inquieta de novembro, o telefone toca às duas e meia da manhã.

- Poxa vida, isso são horas?
- Xiu! Quieta menina! Quem foi que disse que o amor tem hora?

O identificador de chamadas denunciava o nome mais lindo da agenda...
Seguiram-se dias turbulentos. Tipo turbulência área mesmo, daquelas que balançam muito e depois fica tudo bem. Ufa! Sobreviveram.  E dias ensolarados, de carinho e reciprocidade. Olha, ouvi dizer que ela sabe bem o que quer, talvez ele não saiba. Talvez seja ao contrário.

Trocaram “eu te amo” de novo, depois de tanto tempo de silêncio. Ele disse  que o telefone dela pode ser apagado da agenda, mas não sai da cabeça dele. Ela riu. E quando disse que a vida é tão chata sem poder compartilhá-la com ela, a menina simplesmente concordou.
- Ê! Dá pra ficar quieta?

-Deixa eu contar também! A história é minha, oras.
- A história é sua, mas o texto é meu. Xiu!

- Mas...
- Eu já sei que pra você o mundo é sem graça sem ele, eu já sei. Todo mundo já sabe. Dai-me licença pra continuar o meu texto? Obrigada.

Outro dia, enquanto ouvia uma história trágica de conto de fadas interrompido, ela respirou fundo, deixou as lágrimas caírem, agradeceu à vida pelo rompimento ter sido por causa dessas piriguetes da vida e não do pra sempre que levam as pessoas que se amam, uma para o futuro e outra para a morte.
Ainda com lágrimas desinibidas, mandou uma mensagem que dizia: “Meu amor, obrigada por existir. Acima de tudo, saiba sempre que eu te amo e não quero viver sem você.” Coitado, o menino não entendeu nada, mas gostou da idéia.

- Menina, quando foi mesmo que se conheceram?
- Em dois mil e...

Eu a interrompo.
- Ahhhh! Verdade. 2009. Eita sô! Já faz um tempão. Desde então nunca mais se separam de verdade, não é?

- Só uma vez. Se lembra?
- Eu me lembro sim daquela vez em que ficaram meses sem se falarem, mas que bobagem você ainda se lembrar disso, menina. Ele até confessou que te ligava e ficava sem coragem de dizer alô.

Dizem por aí que um é o porto seguro do outro. No verão conversaram sobre a vida, o que foi e o que está sendo. Por alguns minutos falaram sobre o que virá. Uma bobagem! Não conseguem prever nem o próximo segundo, pra quê sofrer pelo futuro? Reservem tempo para serem felizes, meus meninos. F-E-L-I-Z-E-S.
Mas devo confessar que achei legal vocês assumirem um para o outro de que o sentem não tem fim. Aliás, por que demoraram taaaaaanto pra entenderem isso? O verdadeiro sentimento não acaba, ele só muda. E perceberam só o quanto o de vocês já mudaram? Talvez mais seguro, mais maduro, menos corajoso é bem verdade, porém mais realista. E sabe-se lá no que isso vai dar, não é? Quem sabe um dia nós três iremos reler este texto e dizer “ufa, enfim o felizes para sempre”. Quem sabe um dia nós três diremos que “a amizade é mesmo um amor que nunca morre”.

- Prestenção, menina. Vou dizer apenas uma vez:  Deixa de ser boba! De acreditar em gente que não quer o seu bem. De achar que o final feliz é impossível... Mais quantas provas a vida terá que te dar pra você finalmente perceber que o impossível não existe?

Ela tenta dizer alguma coisa, mas uma lágrima interrompe o raciocínio.

- O quê?

Ela tenta de novo, em vão.

- Você quer que um dia ele aperte a campainha e você atenda despretensiosamente, como naquela ligação? Menina, menina.... O amor não é moleza não. Será que tu guenta essa emoção? Sei não... Sei não...


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