Depois de anos de amor e amizade intensa. Depois de meses de
ausência, confusões e confidências, finalmente chegaram a uma conclusão: Não,
não vai acabar, só mudar.
Naquela noite solitária, fria e florida de primavera, quando
o telefone tocou e ela sentiu o coração quase sair pela boca, ele dizia que era
impossível esquecê-la. Menina boba, ficou sem entender, mas adorou. Afinal, até
quem a via na fila da padaria sabia que ela ainda o amava.
Mas a vida tem dessas coisas: Uma vida boa juntos, um dia de
palavras atravessadas e dá-se um fim ao conto de fadas.
- Peraí! Contos de fadas
não deveriam apresentar um “e foram felizes para sempre?”
- Sim, menina. Mas deixa
de ser curiosa e espera o que a vida te reserva.
Outro dia, numa noite inquieta de novembro, o telefone toca
às duas e meia da manhã.
- Poxa vida, isso são horas?
- Xiu! Quieta menina! Quem foi que disse que o amor tem
hora?
O identificador de chamadas denunciava o nome mais lindo da
agenda...
Seguiram-se dias turbulentos. Tipo turbulência área mesmo,
daquelas que balançam muito e depois fica tudo bem. Ufa! Sobreviveram. E dias ensolarados, de carinho e reciprocidade.
Olha, ouvi dizer que ela sabe bem o que quer, talvez ele não saiba. Talvez seja
ao contrário.
Trocaram “eu te amo” de novo, depois de tanto tempo de
silêncio. Ele disse que o telefone dela pode
ser apagado da agenda, mas não sai da cabeça dele. Ela riu. E quando disse que
a vida é tão chata sem poder compartilhá-la com ela, a menina simplesmente
concordou.
- Ê! Dá pra ficar quieta?
-Deixa eu contar também! A história é minha, oras.
- A história é sua, mas o texto é meu. Xiu!
- Mas...
- Eu já sei que pra você o mundo é sem graça sem ele, eu já
sei. Todo mundo já sabe. Dai-me licença pra continuar o meu texto? Obrigada.
Outro dia, enquanto ouvia uma história trágica de conto de
fadas interrompido, ela respirou fundo, deixou as lágrimas caírem, agradeceu à
vida pelo rompimento ter sido por causa dessas piriguetes da vida e não do pra sempre
que levam as pessoas que se amam, uma para o futuro e outra para a morte.
Ainda com lágrimas desinibidas, mandou uma mensagem que
dizia: “Meu amor, obrigada por existir. Acima de tudo, saiba sempre que eu te
amo e não quero viver sem você.” Coitado, o menino não entendeu nada, mas
gostou da idéia.
- Menina, quando foi mesmo que se conheceram?
- Em dois mil e...
Eu a interrompo.
- Ahhhh! Verdade. 2009. Eita sô! Já faz um tempão. Desde
então nunca mais se separam de verdade, não é?
- Só uma vez. Se lembra?
- Eu me lembro sim daquela vez em que ficaram meses sem se
falarem, mas que bobagem você ainda se lembrar disso, menina. Ele até confessou
que te ligava e ficava sem coragem de dizer alô.
Dizem por aí que um é o porto seguro do outro. No verão
conversaram sobre a vida, o que foi e o que está sendo. Por alguns minutos falaram
sobre o que virá. Uma bobagem! Não conseguem prever nem o próximo segundo, pra quê
sofrer pelo futuro? Reservem tempo para serem felizes, meus meninos.
F-E-L-I-Z-E-S.
Mas devo confessar que achei legal vocês assumirem um para o
outro de que o sentem não tem fim. Aliás, por que demoraram taaaaaanto pra
entenderem isso? O verdadeiro sentimento não acaba, ele só muda. E perceberam
só o quanto o de vocês já mudaram? Talvez mais seguro, mais maduro, menos
corajoso é bem verdade, porém mais realista. E sabe-se lá no que isso vai dar,
não é? Quem sabe um dia nós três iremos reler este texto e dizer “ufa, enfim o
felizes para sempre”. Quem sabe um dia nós três diremos que “a amizade é mesmo
um amor que nunca morre”. - Prestenção, menina. Vou dizer apenas uma vez: Deixa de ser boba! De acreditar em gente que não quer o seu bem. De achar que o final feliz é impossível... Mais quantas provas a vida terá que te dar pra você finalmente perceber que o impossível não existe?
Ela tenta dizer alguma coisa, mas uma lágrima interrompe o raciocínio.
- O quê?
Ela tenta de novo, em vão.
- Você quer que um dia ele aperte a campainha e você atenda despretensiosamente,
como naquela ligação? Menina, menina.... O amor não é moleza não. Será que tu
guenta essa emoção? Sei não... Sei não...
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