7 de dezembro de 2011

Pedacinhos


Eu não estou renegando o seu amor. Nós estávamos longe um do outro. Nos separamos e a distância só aumentou. Física e emocionalmente você estava fora do meu alcance.

A distância causou-me várias dores, mas mesmo assim fortaleci o meu amor. Você nem imagina o amor grande e forte que descobri. Em alguns momentos suportei o insuportável, me feri, sangrou, doeu, chorei um sofrimento que parecia não ter fim. Decidi te procurar e tudo que você me disse foi “Prefiro morrer a estar com você de novo.” Você não imagina o quão difícil foi assimilar isso. 

Mas você não precisava morrer. Aliás, eu o amei com todas as minhas forças e por isso preferia tê-lo longe a não tê-lo nunca mais. Me afastei e deixei então que você vivesse a vida. Não é porque me fez chorar, que você não mereça ser feliz. Deixei-o livre.

Certa vez li uma frase, de cujo autor não me recordo o nome, que dizia: “Deixo as coisas livres. Se voltarem é porque sempre foram minhas. Se não houver retorno, certamente nunca me pertenceram”. Hoje essa frase faz muito sentido na minha existência.

Meses depois, numa noite de sexta-feira o telefone toca e surpreendentemente é você do outro lado da linha. Desejei muito esse contato, mas demorou tanto pra acontecer que eu nem esperava mais por ele. Foi justamente quando parei de esperar que você voltou.

E não voltou apenas a amizade. Quando o telefone tocou despertaram-se sentimentos, cheiros, sensações, lembranças... Tudo que me lembrava você. Tudo que lembrava nós. Fora uma conversa muito despretensiosa e sincera. 

Na última vez em que nos falávamos despretensiosamente ainda me lembro de dizer “Me ligando a essa hora? Que foi? Lembrou de mim?” e você então respondeu, “Eu nunca me esqueço de você”. Um silêncio. Um silêncio daqueles que sucedem frases que são ditas por impulso, no ápice de nossas emoções e nos custam uma sinceridade que não tivemos tempo de medir. 

Depois disso a vida bagunçou tudo de novo e o penúltimo contato foi algo desastroso, daquelas conversas chulas do tipo “Temos que parar de conversar. Isso está me causando problemas na vida.” Tudo bem que você preferia manter o amor as escondidas, como se ele não existisse mais, eu até entendo essa parte. Mas nem a amizade poderia ser levada adiante? Se eu não tivesse sentido tristeza na sua fala, estaria tudo bem. Mas eu senti e muita.

Te ofereci o meu amor de novo e você disse que não poderia aceitar. Não agora. A vida estava tomando um rumo do qual você não estava sabendo como sair. Era preciso deixar que o tempo cumprisse as juras de amor feitas a outrem.

O último contato foi daqueles telefonemas onde prevalece o nada. O silêncio impera e ele mesmo diz tudo. Como se você ligasse apenas para ouvir a minha voz mais uma vez. A última vez. 

Estou tão cansada dessa profunda desorientação que decidi acabar com ela. A minha vida também está tomando outros rumos e sinceramente, não acho mais que compensa mudá-los. Não agora. Não por você. Não espero mais uma ligação sua durante a noite dizendo que não consegue dormir e que gostaria de um abraço meu. Não espero sequer que você queira um abraço meu. 

Pra ser sincera, não espero e nem quero mais nada de você. Não deixei de gostar. Há um carinho enorme por tudo que vivemos juntos, por tudo que aprendi nessa relação. Eu amava a pessoa que você era: Intenso, sincero, sonhador e corajoso para enfrentar as adversidades da vida. Mas essa pessoa que você se tornou, controladora que não sabe se se entrega ou se recua, que mantém relações por comodismo e prefere esperar que o tempo realize as mudanças que só você é capaz de fazer. Essa pessoa não desperta nada em mim além da saudade de quem eu conheci.

Quando a vida apertar e você precisar de uma melhor amiga de novo, você sabe como me encontrar e que eu estarei sempre pronta para te oferecer apoio. Faço isso pelo carinho que ficou. O amor mesmo, acabou. Escafedeu-se.

Exclui seu número da minha agenda, das redes sociais, deletei todas as fotos, joguei fora as lembranças e a únicas coisas que restaram foram aqueles diamantes que não brilham mais sem você aqui. Não adianta ligar e não desistir enquanto eu não atender. Eu não vou atender. 

E se o tal do seu tempo terminar de cumprir as juras a outrem e decidir vir terminar de cumprir as minhas, desista. Não renego o seu amor. Eu só mudei o rumo. Agora sou eu quem decide o que vou viver e você não cabe mais na minha vida. 

Tenho um mundão lá fora me esperando. Pessoas que me afastei e agora estou refazendo laços. Sonhos que coloquei em segundo plano e que hoje são prioridades. Pessoas para conhecer – e como eu gosto de conhecer gente! Não consigo nem descrever tudo que a vida tem me apresentado e o quanto eu quero viver intensamente cada segundo disso tudo.

Se eu ainda for a sua melhor amiga, você saberá como me encontrar. Mas para o ser o seu amor não dá. Eu não deixei de ter profundos sentimentos, eu só canalizei toda essa energia para algo que me fizesse feliz agora. É agora que eu quero ser feliz! Sobrou carinho – e saiba que isso ainda é melhor que nada.
Se você está feliz, se está triste, se vai viver ou se matar, definitivamente não me importa mais. Não me preocupo mais com isso. Não desejo mal. Nem desejo o bem. Desejo apenas que a sua vida seja! E que seja como tiver que ser.

Enquanto isso eu vou vivendo e descobrindo o mundo. Sei que muita água ainda passará por esse rio. Mas não me permito sofrer mais, por nada e nem por ninguém.

Colocar um ponto final nessa história foi uma das coisas mais angustiantes que já tive que fazer, mas hoje eu sei que isso passa. 

Isso também passa. Ainda bem que passa!

“Até logo” é para quem deseja um reencontro. Para quem impõe um ponto final sobra o “Adeus”. 

Então, adeus.

 (Escrito em 05 de Dezembro de 2011)

- Adoro as músicas do Guilherme Arantes e está é linda também!!!

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