Eu não estou renegando o seu amor. Nós estávamos longe um do
outro. Nos separamos e a distância só aumentou. Física e emocionalmente você
estava fora do meu alcance.
A distância causou-me várias dores, mas mesmo assim
fortaleci o meu amor. Você nem imagina o amor grande e forte que descobri. Em
alguns momentos suportei o insuportável, me feri, sangrou, doeu, chorei um
sofrimento que parecia não ter fim. Decidi te procurar e tudo que você me disse
foi “Prefiro morrer a estar com você de novo.” Você não imagina o quão difícil
foi assimilar isso.
Mas você não precisava morrer. Aliás, eu o amei com todas as
minhas forças e por isso preferia tê-lo longe a não tê-lo nunca mais. Me
afastei e deixei então que você vivesse a vida. Não é porque me fez chorar, que
você não mereça ser feliz. Deixei-o livre.
Certa vez li uma frase, de cujo autor não me recordo o nome,
que dizia: “Deixo as coisas livres. Se voltarem é porque sempre foram minhas.
Se não houver retorno, certamente nunca me pertenceram”. Hoje essa frase faz
muito sentido na minha existência.
Meses depois, numa noite de sexta-feira o telefone toca e
surpreendentemente é você do outro lado da linha. Desejei muito esse contato,
mas demorou tanto pra acontecer que eu nem esperava mais por ele. Foi justamente
quando parei de esperar que você voltou.
E não voltou apenas a amizade. Quando o telefone tocou
despertaram-se sentimentos, cheiros, sensações, lembranças... Tudo que me
lembrava você. Tudo que lembrava nós. Fora uma conversa muito despretensiosa e
sincera.
Na última vez em que nos falávamos despretensiosamente ainda
me lembro de dizer “Me ligando a essa hora? Que foi? Lembrou de mim?” e você
então respondeu, “Eu nunca me esqueço de você”. Um silêncio. Um silêncio
daqueles que sucedem frases que são ditas por impulso, no ápice de nossas
emoções e nos custam uma sinceridade que não tivemos tempo de medir.
Depois disso a vida bagunçou tudo de novo e o penúltimo
contato foi algo desastroso, daquelas conversas chulas do tipo “Temos que parar
de conversar. Isso está me causando problemas na vida.” Tudo bem que você
preferia manter o amor as escondidas, como se ele não existisse mais, eu até
entendo essa parte. Mas nem a amizade poderia ser levada adiante? Se eu não
tivesse sentido tristeza na sua fala, estaria tudo bem. Mas eu senti e muita.
Te ofereci o meu amor de novo e você disse que não poderia
aceitar. Não agora. A vida estava tomando um rumo do qual você não estava
sabendo como sair. Era preciso deixar que o tempo cumprisse as juras de amor
feitas a outrem.
O último contato foi daqueles telefonemas onde prevalece o
nada. O silêncio impera e ele mesmo diz tudo. Como se você ligasse apenas para
ouvir a minha voz mais uma vez. A última vez.
Estou tão cansada dessa profunda desorientação que decidi
acabar com ela. A minha vida também está tomando outros rumos e sinceramente,
não acho mais que compensa mudá-los. Não agora. Não por você. Não espero mais
uma ligação sua durante a noite dizendo que não consegue dormir e que gostaria
de um abraço meu. Não espero sequer que você queira um abraço meu.
Pra ser sincera, não espero e nem quero mais nada de você.
Não deixei de gostar. Há um carinho enorme por tudo que vivemos juntos, por
tudo que aprendi nessa relação. Eu amava a pessoa que você era: Intenso,
sincero, sonhador e corajoso para enfrentar as adversidades da vida. Mas essa
pessoa que você se tornou, controladora que não sabe se se entrega ou se recua,
que mantém relações por comodismo e prefere esperar que o tempo realize as
mudanças que só você é capaz de fazer. Essa pessoa não desperta nada em mim
além da saudade de quem eu conheci.
Quando a vida apertar e você precisar de uma melhor amiga de
novo, você sabe como me encontrar e que eu estarei sempre pronta para te
oferecer apoio. Faço isso pelo carinho que ficou. O amor mesmo, acabou.
Escafedeu-se.
Exclui seu número da minha agenda, das redes sociais,
deletei todas as fotos, joguei fora as lembranças e a únicas coisas que restaram
foram aqueles diamantes que não brilham mais sem você aqui. Não adianta ligar e
não desistir enquanto eu não atender. Eu não vou atender.
E se o tal do seu tempo terminar de cumprir as juras a
outrem e decidir vir terminar de cumprir as minhas, desista. Não renego o seu
amor. Eu só mudei o rumo. Agora sou eu quem decide o que vou viver e você não
cabe mais na minha vida.
Tenho um mundão lá fora me esperando. Pessoas que me afastei
e agora estou refazendo laços. Sonhos que coloquei em segundo plano e que hoje
são prioridades. Pessoas para conhecer – e como eu gosto de conhecer gente! Não
consigo nem descrever tudo que a vida tem me apresentado e o quanto eu quero
viver intensamente cada segundo disso tudo.
Se eu ainda for a sua melhor amiga, você saberá como me
encontrar. Mas para o ser o seu amor não dá. Eu não deixei de ter profundos
sentimentos, eu só canalizei toda essa energia para algo que me fizesse feliz
agora. É agora que eu quero ser feliz! Sobrou carinho – e saiba que isso ainda
é melhor que nada.
Se você está feliz, se está triste, se vai viver ou se matar,
definitivamente não me importa mais. Não me preocupo mais com isso. Não desejo
mal. Nem desejo o bem. Desejo apenas que a sua vida seja! E que seja como tiver
que ser.
Enquanto isso eu vou vivendo e descobrindo o mundo. Sei que
muita água ainda passará por esse rio. Mas não me permito sofrer mais, por nada
e nem por ninguém.
Colocar um ponto final nessa história foi uma das coisas
mais angustiantes que já tive que fazer, mas hoje eu sei que isso passa.
Isso também passa. Ainda bem que passa!
“Até logo” é para quem deseja um reencontro. Para quem impõe
um ponto final sobra o “Adeus”.
Então, adeus.
(Escrito em 05 de Dezembro de 2011)
- Adoro as músicas do Guilherme Arantes e está é linda também!!!
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