Já faz algum tempo que eu compreendi que tudo na vida tem o
momento certo pra acontecer e que a responsabilidade é compartilhada: metade
das coisas você pode fazer acontecer, outra metade é melhor deixar com que a
vida se encarregue sozinha. Digo que é melhor deixar a vida cuidar de algumas
questões sozinha, porque requerem maturidade e isso, incontestavelmente, só
adquirimos com o tempo e experiências.
Esse texto pode gerar várias reflexões, mas a intenção é
falar mesmo sobre o casamento.
Por algum tempo, quando eu ainda tinha menos de quinze anos,
eu dizia que não me casaria. Achava uma bobagem se prender a alguém, ter que compartilhar
decisões e ceder quando eu não gostaria de ceder. Acho que eu pensava assim
porque ainda não tinha me apaixonado.
O fato é que certo dia um garoto de olhos puxados, castanhos
e brilhantes dominou os meus pensamentos. Paixão por um longo período, mas
depois de muitos obstáculos e provações, se tornou amor. Tenho certeza que
podemos nos apaixonar muitas vezes, mas não sei ainda se é possível amar
incondicionalmente várias pessoas.
Enfim, casamento para mim é mais do que unir as escovas de
dente, é unir objetivos, compartilhar sonhos e medos, aprender a equilibrar as
opiniões – uma hora eu cedo, outra hora ele e encontramos o equilíbrio, compartilhar
decisões e conseqüências. O casamento é, pra mim, acima de tudo, a união de
pessoas que se amam incondicionalmente.
E meu caro, lamento informar, mas amar incondicionalmente requer
mais do que amar o outro quando ele concorda com você, quando ele está de bom
humor, quando ele está saudável, quando ele pode pagar o jantar, quando o outro
te empresta o casaco para você se aquecer no frio. Amar incondicionalmente
também é aprender a lidar com o pior do outro, quando ele discorda e te
contraria, quando ele te chateia ou te irrita, quando as conseqüências das
decisões são ruins, quando ele está doente, quando ele não tem dinheiro nem pra
comprar uma bala, quando ele não te oferece somente o casaco, mas oferece
também a alma, o ombro pra que você possa se consolar e o abraço pra comemorar
a vitória. Amar incondicionalmente ultrapassa qualquer explicação, qualquer
definição. É conhecer todos os defeitos, pecados, passado e mau humor do outro,
tendo plena consciência de que todas essas características não mudarão e mesmo
assim, ter absoluta certeza de que o ama.
Acho de uma imaturidade sem tamanho quem diz que o amor não
tem tempo. Salvo exceções, mas para se casar com alguém é preciso algum tempo
significativo de namoro, noivado, não apenas para conhecer verdadeiramente a
pessoa com quem você deseja passar o resto da vida, mas também para ter certeza
de que você realmente quer isso. Porque apenas o amor incondicional sustenta um
“felizes para sempre”.
Sendo assim, o tempo deveria ser o maior aliado desses
apaixonados desesperados, mas não é justamente porque eles são desesperados. Eu
sei que pouco importa minha opinião sobre isso para a maioria das pessoas, mas
não entendo porque certas pessoas sentem tanta pressa de se casarem com
namorados que conheceram há menos de seis meses, em que alguns casos nem deu
tempo de conhecer toda a família do outro.
A vida nos faz ter várias experiências e elas, aliada ao
tempo, nos tornam, ou pelo menos deveriam nos tornar, pessoas maduras.
Eu quero sim um casamento equilibrado, estável, romântico e
digno de um “felizes para sempre”, mas pelo menos eu, preciso de mais de alguns
meses pra ter certeza de que “fulano” merece ser o príncipe do meu conto de
fada.
A vida se encarrega e com maturidade e sabedoria saberemos
tomar as decisões mais certeiras. Mas pra isso é preciso tempo. O amor é construído com o tempo. Simples assim.
PS.: Não sei quem é pior: quem não tem noção do que é o amor e tem pressa, ou quem compactua e acha isso normal.
PS.: Não sei quem é pior: quem não tem noção do que é o amor e tem pressa, ou quem compactua e acha isso normal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário