4 de fevereiro de 2013

Pra quê tanta pressa?



Já faz algum tempo que eu compreendi que tudo na vida tem o momento certo pra acontecer e que a responsabilidade é compartilhada: metade das coisas você pode fazer acontecer, outra metade é melhor deixar com que a vida se encarregue sozinha. Digo que é melhor deixar a vida cuidar de algumas questões sozinha, porque requerem maturidade e isso, incontestavelmente, só adquirimos com o tempo e experiências.

Esse texto pode gerar várias reflexões, mas a intenção é falar mesmo sobre o casamento.
Por algum tempo, quando eu ainda tinha menos de quinze anos, eu dizia que não me casaria. Achava uma bobagem se prender a alguém, ter que compartilhar decisões e ceder quando eu não gostaria de ceder. Acho que eu pensava assim porque ainda não tinha me apaixonado.

O fato é que certo dia um garoto de olhos puxados, castanhos e brilhantes dominou os meus pensamentos. Paixão por um longo período, mas depois de muitos obstáculos e provações, se tornou amor. Tenho certeza que podemos nos apaixonar muitas vezes, mas não sei ainda se é possível amar incondicionalmente várias pessoas.

Enfim, casamento para mim é mais do que unir as escovas de dente, é unir objetivos, compartilhar sonhos e medos, aprender a equilibrar as opiniões – uma hora eu cedo, outra hora ele e encontramos o equilíbrio, compartilhar decisões e conseqüências. O casamento é, pra mim, acima de tudo, a união de pessoas que se amam incondicionalmente.

E meu caro, lamento informar, mas amar incondicionalmente requer mais do que amar o outro quando ele concorda com você, quando ele está de bom humor, quando ele está saudável, quando ele pode pagar o jantar, quando o outro te empresta o casaco para você se aquecer no frio. Amar incondicionalmente também é aprender a lidar com o pior do outro, quando ele discorda e te contraria, quando ele te chateia ou te irrita, quando as conseqüências das decisões são ruins, quando ele está doente, quando ele não tem dinheiro nem pra comprar uma bala, quando ele não te oferece somente o casaco, mas oferece também a alma, o ombro pra que você possa se consolar e o abraço pra comemorar a vitória. Amar incondicionalmente ultrapassa qualquer explicação, qualquer definição. É conhecer todos os defeitos, pecados, passado e mau humor do outro, tendo plena consciência de que todas essas características não mudarão e mesmo assim, ter absoluta certeza de que o ama.

Acho de uma imaturidade sem tamanho quem diz que o amor não tem tempo. Salvo exceções, mas para se casar com alguém é preciso algum tempo significativo de namoro, noivado, não apenas para conhecer verdadeiramente a pessoa com quem você deseja passar o resto da vida, mas também para ter certeza de que você realmente quer isso. Porque apenas o amor incondicional sustenta um “felizes para sempre”. 

Sendo assim, o tempo deveria ser o maior aliado desses apaixonados desesperados, mas não é justamente porque eles são desesperados. Eu sei que pouco importa minha opinião sobre isso para a maioria das pessoas, mas não entendo porque certas pessoas sentem tanta pressa de se casarem com namorados que conheceram há menos de seis meses, em que alguns casos nem deu tempo de conhecer toda a família do outro.

A vida nos faz ter várias experiências e elas, aliada ao tempo, nos tornam, ou pelo menos deveriam nos tornar, pessoas maduras. 

Eu quero sim um casamento equilibrado, estável, romântico e digno de um “felizes para sempre”, mas pelo menos eu, preciso de mais de alguns meses pra ter certeza de que “fulano” merece ser o príncipe do meu conto de fada.

A vida se encarrega e com maturidade e sabedoria saberemos tomar as decisões mais certeiras. Mas pra isso é preciso tempo. O amor é construído com o tempo. Simples assim.



PS.: Não sei quem é pior: quem não tem noção do que é o amor e tem pressa, ou quem compactua e acha isso normal.



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