5 de abril de 2012

De Abril a Abril.


Abril é, há pelo menos uns três anos, um mês importante para mim e por isso sempre tiro alguns dias para fazer uma balanço da minha vida nesse um ano que passou.

Foi no mês de Abril de 2009 e de 2011 que perdi definitivamente pessoas que tem importância até hoje na minha vida.
Apesar do longo período doente, ver o meu avô falecer me mostrou, da forma mais cruel que a vida poderia ter mostrado, que a morte está muito perto de mim. É absolutamente óbvio que entre a morte e a vida há uma pequena distância, mas eu nunca compreendi isso tão completamente até o vô João falecer. E por isso eu comecei a dar muito mais valor a vida e a minha família.

Mas perder alguém doente e já com idade avançada é parte da vida. Porém, em Abril de 2011, especificamente no dia 18, um acidente tirou do meu alcance uma amiga que me ensinou muito mais do que amizade e companheirismo, mas me ensinou absolutamente tudo que eu penso hoje sobre a felicidade. E embora uma morte trágica, tenho certeza de que a Paloma foi a pessoa mais feliz do mundo. Me vi extremamente perdida ao constatar com meus próprios olhos a sua morte, ao observar o  seu corpo frio e sem vida. Não nos víamos há um tempão, mas ela sempre esteve nos meus pensamentos, justamente por ser uma pessoa tão marcante na minha vida. Era como o sol, que nem sempre eu vejo, mas tenho certeza que ele existe.

Embora eu ame ser feliz e estar transbordando felicidade, é nos momentos difíceis da vida que eu mais aprendo sobre a própria vida. Tem até uma frase que eu gosto, vi uma vez no final de uma novela e que diz: “É na experiência da vida que o homem evolui”.

Relembrando e analisando tudo que aconteceu na minha vida entre Abril de 2011 até o de 2012, posso dizer que em muitos momentos a tristeza parecia que seria eterna. Mas assim como as tempestades passam, eu me reencontrei, na verdade, eu me reconheci de uma maneira que eu nunca tinha me percebido antes. Foi um período muito meu, onde mergulhei em mim e me desafiei a me conhecer. E foi difícil, muito difícil. Convivi com extremos de mim: tristeza profunda, felicidade incomensurável. Aprendi que não sou dessas pessoas comuns, capazes de aceitar tudo e de se aceitar muito fácil, por isso reservar Abril para me observar e melhorar no que sentir vontade, se tornou uma necessidade.

Talvez hoje eu compreenda melhor a morte. Já entendi que as pessoas tem uma missão e entendi até qual foi a missão do meu avô e da Palominha em minha vida. Mas hoje eu me preparo para a morte. Penso em perder as pessoas todos os dias, por isso eu sinto profunda vontade de dizer para algumas pessoas o quanto eu os amo, de encontrá-las e abraçá-las com toda a minha sinceridade, de às vezes deixar de lado tudo que tenho para fazer e sair para jantar com as pessoas que eu adoro estar junto. Até de parar tudo que estou fazendo para fazer-lhes um favor, dar uma carona que seja. Preciso aproveitar todos os minutos que posso com elas. Preciso que elas saibam o quanto os amo e o quanto são importantes. Não espero reciprocidade, nem faço questão de dividir a conta da pizzaria, eu pago tudo, não tem problema, dinheiro nenhum no mundo é mais importante do que os momentos em que posso estar com essas pessoas. Nada me faz mais feliz do que tratá-las com todo o carinho que merecem e que eu sinto, mas que muitas vezes, por ser uma pessoa muito fechada, eu me neguei a demonstrar tanto afeto.

Mais do que os meus anjos e as pessoas que ainda posso conviver, também amo profundamente pessoas que moram longe mas que estão no meu coração. Algumas dessas pessoas sequer podem imaginar o quanto eu os amo.

Reunir minhas primas e levá-las para a jantar (mesmo elas estranhando a minha insistência) e nos divertirmos juntas. Receber uma sms de uma prima que mora longe durante o dia, dizendo que sente saudades. Ser acordada com um “Oi gente”. Voltar a conversar com uma pessoa que amo muito, que se tornou muito mais do que um grande amor na minha vida, mas acima de tudo o meu melhor amigo, porto-seguro, pau-para-toda-obra, e ouví-lo dizer no telefone o quanto a  nossa amizade é importante para ele também, e ainda ouvir que me ama. Presentear as pessoas, seja com um valor material ou apenas com um bilhetinho no meio da agenda. São coisas que dinheiro nenhum compra e que, embora eu sinta remorso por me dedicar tanto aos estudos e por isso ficar menos tempo com essas pessoas, eu sei que elas também estão realizando os seus próprios sonhos e que da mesma forma que torço pelo sucesso delas, elas também torcem pelo meu. (Aliás, essa história de remorso rendeu uma conversa muito legal com a Bru na faculdade. Me segurei pra não chorar! Rs. – A Bruna é um anjinho de amiga que reconheci esse ano e que qualquer dia escrevo sobre ela!)

Definitivamente de Abril a Abril minha vida mudou completamente. Interiormente, os planos, objetivos, os amigos, a faculdade, a vida em si.

Estou muito feliz por ser quem sou, por estar aonde estou, por estar conquistando todos os meus sonhos e por poder compartilhá-los com pessoas tão queridas.

Confesso que ir na casa da Vó Bel sempre será algo estranho pra mim. Ainda vejo o meu avô em todos os cantos daquela casa. Sinto a sua presença na casa e em minha vida, de uma forma muito positiva. E que penso na Paloma todos os dias sem exceção. Foi a pessoa mais feliz que eu já conheci até hoje e tento todos os dias pôr em prática o que ficou dela em mim. Se eu conseguir ser pelo menos dez porcento do que tenho certeza que a Palominha foi feliz, para mim já será o suficiente.

Meu super apego as pessoas é realmente medo de perdê-las. Ultimamente mesmo, tenho observado muito os meus avós. Não imagino a vida sem eles. Se eu pudesse pedir apenas uma coisa para o universo, é que os fizessem eternos. Tenho um amor profundo por eles. Admiração, respeito, orgulho também.  Mas já estão velhinhos, embora ainda inteligentes e ativos, mas a idade avançada deles já desperta em mim um desespero pela certeza imprevisível da perda.

Mas mesmo assim, tenho certeza de que tudo está valendo a pena na minha vida. Que todas essas pessoas estão felizes e orgulhosas por mim. E pra mim, isso é o mais importante.

“A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.” (Charles Chaplin)



“Esta é a verdade: a vida começa quando a gente compreende que ela não dura muito.” (Millôr Fernandes) 


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