18 de dezembro de 2011

O que te define?



Outro dia tive uma conversa muito legal com minhas primas. Tudo começou com um “Liedinha, você pularia de pára-quedas?” e paramos em o quanto a sociedade, inclusive a religiosa, está preocupada com o “ter”. Depois pensei muito sobre isso.

Ninguém quer mais saber o seu nome, quais são seus sonhos e sua história de vida. Todo aquele blábláblá de que “o que importa é a beleza interior” é mentira. Tudo mentira! 

Atualmente são raras as conversas em que cada um fala de si sem mencionar “eu tenho tal coisa”. Ninguém consegue se descrever assim: “Joana, vinte e cinco anos, perfeccionista, sensível, amiga, às vezes brava, perdôo, mas nunca esqueço.” Peça para qualquer um de seus amigos se descreverem e eles dirão: “Joana, vinte e cinco anos, com MBA em sei lá o quê, apaixonada, tenho um carro tal, moro em tal bairro e adoro roupas de tal marca”. Podem testar, eles vão descrever mais o que eles têm, do que o que eles são. E isso já é tão normal que ninguém mais percebe.

Foi justamente isso que discutimos: Será mesmo que o que temos é muito mais importante do que o que somos? Claro que o que temos nos descreve bem, mas diz tudo sobre nós? Tem coisas que só conheceremos na convivência, no olho no olho, independente de qual carro você tenha ou onde você mora.

A conclusão? Que pra nós, eu e minhas primas lindas, está na hora da sociedade valorizar quem somos. As pessoas te perguntam primeiro o que você tem, e aí só se isso despertar algum interesse nelas, é que elas perguntam quem você é. O que vestimos e usamos tem uma parte de nós, mas não deve ser mais importante do que a nossa personalidade e história. Mas sabemos que pra fora de nossas casas é.

Bom, o “pra fora de nossas casas” fica mesmo no parágrafo anterior, pois hoje, conversando a mesma coisa com a minha avó, ela quase teve um infarto quando eu disse que “igreja é lugar de fé, não desfile de moda”. Diz a minha avó que “você tem que ir orar bonito!”. Retruquei dizendo que bonitos temos que estar o dia inteiro, mas que ninguém deve ser ignorado por que vai a tal lugar vestido de um jeito que é julgado “mal vestido”. Até porque o que você talvez julgue “um trapo” pode ser a melhor roupa que a pessoa tem. E vó, tenho certeza de que nenhuma “força suprema do universo” está preocupada com a marca que vestimos, principalmente na igreja, que é (ou deveria) ser um local de fé, sem apegos materiais.

Ahhhhhhh vó, “ roupa de ver Deus” é só uma forma de expressão, não leve isso tão a sério...


(Escrito em 18 de Dezembro de 2011)

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( Eu, Etiqueta - Poema de Carlos Drummond de Andrade. 
Sugerido pelo meu prof. Fabiano Conte. Adorei!!!)


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