Às vezes sentimos dificuldade de nos desapegarmos de alguém.
Sofremos com isso, mas uma hora a ficha finalmente cai, acordamos para a vida e
definitivamente aceitamos que as coisas que ficaram no passado não merecem
fazer parte do futuro, porque se merecessem ainda estariam no presente. Parece óbvio,
e realmente é, mas nem sempre compreendemos isso com facilidade.
Tem coisa que não adianta insistir, dar duas chances e
pensar na possibilidade da terceira. Tem coisa que não é mesmo para ser, não
faz o menor sentido e só causa sofrimento.
O que mais gosto em mim é que posso gostar muito de
alguém há muito tempo, mas um motivo, dois e acabou. Não há santo que me faça gostar de novo! O
mais legal disso também, é que quando compreendo que alguém não merece tudo que
eu ouso sentir por ela, ainda que seja apenas e exclusivamente amizade, acordo
para a vida, “a ficha cai” e não sofro nenhum pouco, nem por um segundo. As
únicas coisas que sinto é uma imensa paz interior, um sentimento de “fiz tudo
que era possível mas não dá mais” e a certeza de que é e será bem melhor assim.
Sobre
um caso específico: Já dizia Chico Xavier (na
sábia plaquinha em cima da cama) “Isso também passa!”. Acrescento,
“Ainda bem que passa”. Eu cega não percebi que isso não fazia mesmo o
menor sentido na minha vida. Não combina. Não encaixa. Não é a tampa da
panela.
Se vivi bons momentos? Claro que sim, nem tudo é ruim o tempo todo. Mas
todo o
sofrimento e indignação que causou, não há amor no mundo que resista. O
amor é
bom, mas não é bobo.
Minha vida evoluiu muito mais em oito meses do que
em um ano e meio, eu mesma reconheço. Voltei a conviver com pessoas que adoro,
conheci pessoas maravilhosas, pude financiar meus próprios objetivos e dei
conta de bancá-los sozinha! Retomei grandes amizades. Voltei a fazer as coisas
que mais gosto no mundo: viajar e a escrever.
Em oito meses viajei para dois lugares onde nunca havia imaginado estar
e lá aprendi coisas que melhoraram minha vida para sempre. Repensei toda a
minha existência e percebi que mais uma grande decisão deveria ser tomada: Saí
da faculdade sem nenhum arrependimento. Foi à decisão mais importante que tomei
em dezoito anos e a fiz com convicção, sabedoria e coragem – porque desistir
nunca fora algo fácil para mim. Desistir embora não pareça, foi o meu maior
gesto de coragem. Talvez tenha sido
mesmo loucura largar tudo para viver de um sonho. Mas me fez um bem danado por
dois motivos: só assim eu tive certeza de que embora loucura, minha família
estará sempre acreditando em mim; e antes louca do que infeliz!
Certa vez uma pessoa que eu nunca tinha
visto antes, me olhou nos olhos e numa conversa rápida sem muita intimidade, me
disse que eu poderia ficar tranqüila, pois tudo que eu estava sentindo era muito
intenso mas não era eterno. Uma hora iria passar e eu perceberia que foi melhor
assim. Depois disso eu pensei “se as pessoas olhando nos meus olhos sabem que
tudo vai dar certo, é porque eu realmente tomei as decisões certas!”. E se eu pudesse ver essa pessoa hoje, daria
um abraço e agradeceria pela sabedoria de enxergar além dos meus olhos. Até me
lembro de um trecho da Clarice Lispector que diz: “Quem eu sou, você só
vai perceber quando olhar nos meus olhos, ou melhor, além deles..."
Penso então, porque voltar numa história sem
sentido? Retroceder tudo de novo? Faz sentido alguém retroceder? Ainda que seja
por amor? E quem disse que o amor é a razão de tudo? Quem disse que ele precisa
prevalecer? Ele também acaba...
Tudo que é passado, me orgulha em dizer que ficará no
passado. O passado é importante, parte do que sou hoje devo a ele. Mas o
presente está surpreendente e o futuro já se apresenta com novidades muito boas
para a minha vida. Não há mais espaço para certas pessoas e muito menos para
sofrimento.
Desapegar quando há vários motivos para tal, é um alívio. Como
alguém que volta a ter sinais vitais depois de uma parada cardíaca. Um renascimento!
Desapegar é uma despedida. É deixar para trás alguém que você
gosta apesar de tudo, deixar sonhos e momentos no campo do esquecimento. O importante
é que não me permito mais sofrer por nada e nem por ninguém nessa vida!
As despedidas são dores doces. Doces e necessárias!
(Escrito em 02 de Dezembro de 2011)
“Never say
good bye
because
saying good bye
means going
away
and going
away
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