Às vezes penso que o mundo é cruel, principalmente quando
tira do alcance dos meus olhos, pessoas que gosto e admiro. Nos últimos dois
anos foram três pessoas. Três que valiam por mil e me fazem sentir uma saudade infinita!
Meu avô João, deixou a gente preparadinho pra sua partida. Foi
ficando doente e a gente se conformando com a idéia. Sofreu tanto, coitado.
Embora eu pense que foi melhor assim, já que ele estava sofrendo tanto com suas
doenças, mesmo assim, sinto muitas saudades dos domingos em que ficávamos ouvindo
suas várias histórias de vida. Não fui vê-lo nenhuma vez no hospital, mesmo com
várias internações em oito meses, mas não me arrependo. Ficou em mim e comigo,
só as lembranças boas. Só ele sorrindo!
E então se vai Vitória. Uma dor inexplicável. Embora tivéssemos
poucas oportunidades de nos vermos, todas as raras vezes foram muito especiais.
Ainda me lembro dela me vendo chorar a morte do meu avô e dizendo que ia ficar
tudo bem. Ela só tinha oito anos! E quando ficava me olhando fixamente, depois
mexia nos meus cabelos e dizia que eu era linda. Eu não deveria acreditar, mas
a sinceridade transbordava naqueles olhos de jabuticaba. Custei a entender e
aceitar essa ida tão rápida. Esse maldito câncer que leva embora até as crianças.
Eu a vi em meus sonhos com um sorriso lindo, como se me dissesse de novo: “Vai
ficar tudo bem”. Meu coração encontrou uma paz incomensurável.
Eu já estava aprendendo a superar a saudades desses dois
anjos. Volto a dizer, anjos são pessoas especiais que passam pela nossa vida,
muda ela pra sempre e nunca serão esquecidas.
E Paloma também resolve ir embora, sem ao menos me dar um
último adeus. Foram anos estudando juntas, anos de risadas, alegria,
brincadeiras, admiração, amizade – porque esta só é verdadeira quando ninguém
espera nada em troca, mas tem tudo, ainda que não espere, mesmo que não peça.
A vida podia aprontar qualquer uma comigo, eu estava mesmo
passando por uma fase difícil. Mas a Paloma? Pô vida, nessa você deu mancada!
Sinto tantas saudades daquela voz aguda que insistia em gritar o tempo todo,
daquela alegria contagiante, da sinceridade que não permitia pápas na língua,
das festas e dos momentos importantes que compartilhamos. Eu tive que ver seu
corpo ali, frio e sem vida, para tentar fazer a ficha cair. Mas ainda não
acredito nisso tudo. Sempre penso que daqui a pouco, alguém vai dizer: “Vi na
Paloma hoje! Ela continua uma figuraça!”. Às vezes penso que na próxima esquina
que eu virar, ela vai estar lá rindo, tirando sarro de todos nós e dizendo “Liedinha
tanga, voolteeeei jhoow!”. É verdade vida, nessa você deu mesmo muito relaxo.
Essas perdas tão significantes na minha vida, me fizeram
criar antídotos para a vida. Sei que vou perder ainda. Talvez eu mesma me
perca. Já entendi que a morte é acontecimento independente de tudo e qualquer
coisa que se possa controlar no universo. Às vezes tento de todas as formas,
trazer esses anjos de volta. Queria pelo menos um último abraço. Aí a vida me
lembra que amar nem sempre é estar perto, mas sim, do lado de dentro. Vocês
estão no meu coração.
- Escrito em 21 de Novembro de 2011 -
"Temos que aprender a conviver com uns e a sobreviver sem outros..."
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